A torcida argentina comemorou bastante a eliminação do Brasil na sexta-feira, mas a festa dos hermanos não durou mais que um dia. Desta vez, a Alemanha não precisou de pênaltis e nem de sofrimento, como em 2006: sem dar chances ao time de Diego Maradona, os alemães aplicaram um chocolate inapelável por 4 a 0 na Cidade do Cabo e estão classificados para a semifinal da Copa do Mundo. Como disse o diário Olé para os brasileiros, os argentinos agora também podem comprar uma televisão para assistir ao restante do Mundial no conforto do sofá de casa.
Maradona desfilando sem roupa no Obeslico em Buenos Aires? Fica para a próxima.
Na última Copa, a Alemanha também eliminou a Argentina nas quartas de final, mas com uma sofrida decisão por pênaltis. Neste sábado, no Green Point, não deu nem tempo de roer as unhas: Müller abriu o placar antes do terceiro minuto de jogo e fez o gol mais rápido do torneio na África do Sul. Depois recebeu um cartão amarelo e está fora da semifinal. Klose marcou duas vezes e agora tem 14 em Copas, um a menos que o recorde de Ronaldo. O zagueiro Friedrich também deixou o seu. Schweinsteiger não marcou, mas foi o maestro do time e acabou sendo eleito o melhor da partida pelos internautas no site da Fifa.
A seleção de Joachim Löw agora espera o vencedor de Paraguai x Espanha, ainda neste sábado, às 15h30m, para saber quem será seu rival na próxima quarta-feira, em Durban, pela semifinal. Um dia antes, Uruguai e Holanda decidem na Cidade do Cabo o primeiro finalista.
Gol relâmpagote
A Alemanha parecia com pressa para abrir o placar. Parecia, não. Realmente estava. Com exatos 2m38s no relógio, Schweinsteiger cobrou falta, Otamendi ficou parado, Müller subiu e tocou de cabeça. A bola bateu na perna do goleiro Romero, que estava mal posicionado, e entrou: 1 a 0, gol mais rápido da Copa do Mundo.
Oficialmente, a Fifa arredonda para cima e considera a marca como 3 minutos. O inglês Gerrard fez aos 3m31s contra os Estados Unidos, mas na súmula aparece 4. Agora, Müller está ao lado de Higuaín (Argentina), David Villa (Espanha), Vittek (Eslováquia) e Sneijder (Holanda) no topo da artilharia do Mundial, com quatro gols.
O 1 a 0 no placar deixou a Alemanha ainda mais confiante e deu uma pane na Argentina. Principalmente pelo lado direito da defesa de Maradona. Perdido em campo, Otamendi levava um baile de Podolski. O lateral argentino ainda levou cartão amarelo aos 11, por falta em Friedrich no campo de ataque. Um exemplo de que nada dava certo para os hermanos aconteceu aos 16: Tevez tentou puxar contra-ataque, mas se enrolou, perdeu a bola e a chuteira, que ficou no gramado. Na beira do campo, o Pibe olhava de braços cruzados. O que fazer?
Na arquibancada, a maioria argentina resolveu jogar aos 20. Os torcedores pulavam e cantavam, mas os jogadores não correspondiam em campo. Culpa da Alemanha, que tinha uma defesa muito bem montada por Joachim Löw e era perigosa na frente. Como aos 23, quando Heinze se enrolou ao tentar cortar um passe, Müller invadiu a área e rolou para Klose, que bateu por cima.
Apagado, Messi passou a procurar mais o jogo. Maradona viu que Otamendi era o ponto fraco e mandou Di Maria sair da esquerda e ir para direita. Assim, o lateral parou de subir ao ataque e Podolski ainda tinha que se preocupar com a marcação do novo jogador do Real Madrid. A tática deu certo e a Argentina passou a ter mais chances. A melhor foi aos 36. Müller tocou a mão na bola na entrada da área e recebeu amarelo. Na sequencia da falta mal cobrada por Messi, Tevez recebeu sozinho de Heinze na área e cruzou para Higuaín tocar para o fundo da rede. Mas quatro argentinos estavam em impedimento na jogada, bem anulada.
Em 45 minutos, a Alemanha deu dez chutes, mas apenas um na direção do gol: justamente o que resultou no 1 a 0 da primeira etapa. Os argentinos deram nove e tiveram 55% de posse de bola.
Quem voltou com pressa no segundo tempo foi a Argentina. Mas sem a mesma pontaria de Müller no início da partida. Aos três, Di Maria arriscou de longe a bola passou rente à trave alemã. O empate não saiu por pouco, alguns centímetros.
Com a vaga na mão pela vantagem no placar, a Alemanha se fechou ainda mais, apostando nos contra-ataques. E deixou a Argentina ser dona da bola, como Maradona pediu a semana inteira. Mais passe, mais chutes dos hermanos. Para fora, nas mãos de Neuer e até na cara do adversário: aos 17, Di Maria cruzou da direita, Maxi Rodriguez ajeitou com o peito e Tevez soltou a bomba, que explodiu no rosto de Mertesacker.
Os hermanos ainda tiveram duas chances, com Higuain e Tevez, que pararam nas mãos do goleiro. Se a principal arma argentina não dava certo – o toque de bola -, a maior falha voltou a aparecer: o lado direito da defesa. Na velocidade, a seleção de Lahm roubou a bola pela esquerda do ataque aos 23 e, sentado, Müller tocou para Podolski, que invadiu a área e rolou para Klose fazer seu 13º gol em Copas do Mundo, passando Pelé (12) e ficando a dois do recordista Ronaldo (15).
O tiro de misericórdia saiu aos 29. Mais uma vez pelo frágil lado direito da zaga argentina, que até nem contava mais com Otamendi, substituído logo após o gol por Pastore. Schweinsteiger fez o que quis pelo setor, driblou três argentinos na sequência, entrou na área e rolou para o zagueiro Friedrich pegar de primeira no bico da pequena área: 3 a 0.
Ainda havia tempo para mais um contra-ataque, e a desgraça argentina se consolidou com mais um gol de Klose, aos 44. Bola de pé em pé, de Özil para Podolski, de Podolski para Özil, de Özil para Klose, que bateu de pé direito e fez seu 14º gol em Copas, o quarto neste Mundial, assumindo a artilharia ao lado de Higuaín, Vittek David Villa e Müller. A Alemanha avança cheia de moral para as semis, e está carimbado o passaporte dos hermanos, não para a próxima fase, e sim de volta para casa. Adeus, Argentina. Até 2014, se conseguirem a vaga para jogar no Brasil.
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